quarta-feira, 12 de setembro de 2007


Quebrando os Preconceitos


Uma Visão diferente de um Homem que experimentou a Dança do Ventre Terapêutica



Quando fui convidado pela Amanda para fazer Dança do Ventre Terapêutica confesso ter tido preconceito e ter criado algumas barreiras. Uma vez que no seu caráter histórico dança do ventre está voltada para o público feminino. Já tinha visto alguns homens praticá-la, mas mesmo assim criei barreiras em aceitar o convite. Barreiras que feriam o meu ego masculino, mesmo já tendo praticado e me dedicado a outros estilos de dança anteriormente.

O convite da Amanda veio em um momento turbulento em minha vida. Tinha o diagnóstico médico de depressão, ansiedade e insônia.Tinha dificuldades de raciocínio, sentia muito cansaço (físico e psíquico) e minha auto-estima estava em baixa. Estava realizando tratamento medicamentoso e psicanalítico, até então, sem surtir efeito. Não desconsidero estes tratamentos, mas são muito demorados. E havia um porém: nenhum deles tratava o meu corpo.

O pior era ter que conviver diariamente com estes sintomas e dar conta das atividades diárias, principalmente com relação aos estudos.

Sou estudante de fisioterapia, tenho 25 anos, um eterno apaixonado pelos movimentos corporais e as terapêuticas que o envolvem. Com a desculpa de conhecer melhor os movimentos corporais (ego masculino) e ter sido vencido pelo cansaço resolvi participar das aulas.

No começo fiquei meio sem jeito, sem graça, só havia mulheres. Depois descobri uma coisa: ninguém olhava para mim durante as aulas. Todas estavam olhando para o seu próprio corpo, e além do mais, elas haviam procurando esta dança (que é terapêutica) por algum motivo também. Então pensei: deixa eu mexer o meu corpo porque é disso que estou precisando no momento!!!!!


Ao sair da primeira aula me senti diferente. Animado, alegre, menos cansado, senti meu corpo leve. Mas uma das coisas que me chamaram a atenção no mesmo dia foi ter tido uma certa tranqüilidade com relação ao (meu) pré-conceito do caráter e comportamento masculino imposto pela sociedade. Embora o homem tenha mudado muito o seu comportamento social, algumas coisas estão enraizadas a sua psique. Uma delas, é a de não mostrar os seus sentimentos, de não poder cuidar muito de sua aparência, de ter que ser o provedor de tudo e a todos.

Com a freqüência nas aulas fui melhorando cada vez mais. Os sintomas desapareceram, voltei a dormir, coisa que não fazia há muito tempo.

Continuo a praticar dança do Ventre Terapêutica. Quando as dificuldades aparecem sei lidar melhor com a situação. Cuido do meu corpo durante as aulas, tenho flexibilidade muscular, maior mobilidade articular. Sou mais feliz e tenho prazer em dançar. E melhor de tudo: descobri que todos aqueles sintomas eram originados por uma cobrança psíquica-comportamental imposta a mim pela sociedade que somatizaram-se no meu corpo.

Hoje sei que posso ser um homem receptivo, emotivo e carinhoso com as pessoas sem deixar de ser “homem”. Posso até dizer que houve um equilíbrio entre as características masculinas e femininas, que eu particularmente acredito, haver em todos nós.

Sou muito grato a Amanda por ensinar seus conhecimentos provenientes de muito estudo e dedicação com as ciências da dança, da psique e da fisioterapia sendo fiel na didática e na fundamentação científica trazendo cura e alegria as pessoas.


B. R. N, 25 anos, Estudante do 4º ano de
Fisioterapia.

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